tag:blogger.com,1999:blog-48113944086738185642024-03-13T16:35:49.009-03:00floreiasCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.comBlogger70125tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-45154022885302540772015-01-21T05:56:00.000-02:002015-01-21T06:26:00.400-02:00ainda não é noite<br />
lugar de ligar como sempre<br />
e dizer que não sei muito bem<br />
se dormi aquelas quatro ou cinco horas<br />
com o livro aberto<br />
entre as mãos<br />
se de fato tomei o café aguado<br />
no meio do caminho para paradas<br />
lanches cigarros<br />
estradas para dois lados<br />
pensando ah que metáfora<br />
não ver o fim das estradas<br />
só estradas nenhuma árvore<br />
nenhuma criança sorrindo<br />
pássaros casas bicicletas<br />
nem o céu azul claro<br />
para que eu pudesse falar do céu<br />
na hora do café<br />
voltar para fechar a cortina<br />
usar o cinto de segurança<br />
para além disso não importa<br />
se deixei de ler as placas<br />
se a temperatura está boa<br />
ainda vou para o mesmo lugar<br />
estranhar os paralelepípedos<br />
o gosto da água os grilos o silêncio<br />
entre o barulho dos grilos<br />
as mãos ao telefone<br />
não há mais como contar histórias<br />
de estradas<br />
são novas regras sobre cafés de estradas<br />
e estradas<br />
sobre contar como sempre<br />
sobre voltar a um lugar<br />
não há mais<br />
como sempreCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-61334110045277888602014-12-05T21:26:00.003-02:002015-06-07T15:35:40.135-03:00separaçãoguardei os vestidos<br />
e dois ou três pares de sapatos<br />
<br />
recapitulei o lugar imóvel<br />
dos teus cadernos<br />
os lugares de esquecer<br />
as xícaras<br />
as prateleiras irrepetíveis<br />
em pensamento<br />
<br />
gastei minutos devagar:<br />
a mala inacabada diante da porta<br />
o mofo agonizante dos bilhetes<br />
das listas de supermercado <br />
do tom de voz <br />
às segundas-feiras:<br />
o gosto azedo da véspera<br />
molhando a língua.<br />
<br />
eu já sabia da ferida<br />
cravada na porta<br />
eu abriria os ruídos<br />
pés sobre paredeso suor dos corredores<br />
no verão<br />
<br />
eu já sabia, eu diria,<br />
da demissão do poema.<br />
<br />
eu só não sabia<br />
que à beira do fim<br />
fazia mais frio.Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-69013882234027660842014-07-20T21:58:00.002-03:002014-07-20T21:58:19.778-03:00poema para a palestinamulheres e crianças<br />e homens e mulheres e crianças<br />correndo com seus passaportes inviáveis<br /><br />crianças e homens<br />e mulheres<br />atendendo telefonemas letais:<br />vocês, seu filhos, as próximas<br />gerações<br /><br />de homens e mulheres e crianças<br />estéreis,<br />bichos sob a cerca encerrada não há<br />mais lugar nesse mundo<br />para homens e mulheres<br />e seus filhos<br />e seus parentes distantes<br />não há mais lugar<br />para cumprir destinos:<br /><br />há que se cumprir a velocidade da veia<br />rasgada<br />derramar o suor<br />alimentar a terra aos berros<br /><br />há que saber tocar teu pulso cerrado<br />contra diagnósticos e bombas<br />dizendo<br />não digo vida<br />digo liberdade não há<br />arma para desfazer pulsos<br /><br />mulheres e crianças<br />e homens<br />abraçando a terra<br />dizendo teu nome:<br /><br />teu sangue a germinar desertos<br />flor que berra pra nascer<br />e ardeCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-58583572230429398692014-06-10T16:20:00.002-03:002015-07-08T12:53:51.834-03:00tantos copos d'água<br />
nenhuma saliva<br />
que te desaprendaCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-50984420834490375682014-06-10T02:21:00.003-03:002014-06-17T23:12:21.194-03:00atrás de mim,<br />
contei três invernos,<br />
a mesma inquietude apressada<br />
em descer e roubar tijolos,<br />
em decorar o ritmo dos dedos<br />
sobre a mesa,<br />
o modo de pedir café,<br />
o gosto de álcool para apressar<br />
a pergunta<br />
<br />
sua utilidade precisa<br />
para aguçar as mãos.<br />
<br />
atrás de mim,<br />
sei do ócio inventado nas perdas,<br />
essa mania de chutar cacos à revelia<br />
em esperar que a calçada evapore<br />
vidros<br />
que aprenda lições<br />
como se esquecesse<br />
<br />
atrás de mim, talvez tenham mudado<br />
os cabelos, a minha saia bordada<br />
as tuas cores em giz, <br />
anúncios de amor<br />
e signos, talvez<br />
a árvore diante da tua casa<br />
não tenho bem certeza<br />
mas continuo com a mesma altura<br />
cuidando pouco das dúvidas<br />
ignorando dívidas<br />
compromissos<br />
prazos de validade <br />
a cantar com os dedos<br />
o gosto úmido do presente<br />
<br />
atrás de mim, vim<br />
cruzando dezembros, sentei<br />
em alguma parte<br />
do caminho<br />
a catar-me os pedaços:<br />
<br />
a madrugada faminta<br />
do mesmo tapete<br />
a saliva descrita nas maçãs<br />
do rosto<br />
a parede paciente <br />
a revolver veludos<br />
<br />
<br />
a abarrotar cansaços<br />
e meias-<br />
noites. Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-50593703899946852072014-01-02T21:24:00.001-02:002014-06-16T19:25:36.999-03:00desamparo<br />
a calçada ressona no segundo andar.<br />
<br />
mulheres de batom<br />
derramam vinhos clandestinos<br />
à beira de paralelepípedos,<br />
casais de meia idade carregam suas bolsas<br />
de supermercado, <br />
suas dúvidas financeiras<br />
e não me ajudarão.<br />
<br />
atravesso a rua<br />
para pedir açúcar:<br />
há uma lágrima de engolir memórias<br />
acendendo os cigarros<br />
da última estante.<br />
<br />
às tardes,<br />
sigo quebrando pequenos copos,<br />
gastando as horas em frases de desprezo<br />
que dedico a estranhos:<br />
não posso comprar água em garrafas<br />
enquanto a chuva me derrama<br />
na janela.<br />
<br />
mudo cadeiras de lugar, <br />
consolo azulejos<br />
para despovoar cicatrizes<br />
<br />
os ponteiros incólumes da parede<br />
teus pés no mesmo número da rua<br />
cinza<br />
de saudade.Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-4467057482015899172013-12-02T16:35:00.001-02:002013-12-02T16:35:01.932-02:00noticiário<span class="userContent">pretos e pobres entraram em um shopping<br /> que como todos os shoppings<br /> não levantou tijolos para pretos e pobres<br /> <br /> celas foram fundidas para pretos e pobres<br /> & também para aqueles brancos pobres<span class="text_exposed_show"><br /> que o baiano já cantou que de tão pobres<br /> são quase todos<br /> pretos<br /> <br /> muitos pretos, todos juntos,<br /> ofendem as paredes<br /> brancas: humilhem-nos<br /> retirem-nos<br /> chamem de averiguações<br /> <br /> maltratem os pretos e pobres pelo crime imperdoável<br /> de terem ultrapassado os partos<br /> de suas mães pretas<br /> de não terem calado ainda cheios</span></span><br />
<span class="userContent"><span class="text_exposed_show">de sangue<br /> de terem tocado tambores<br /> de descerem os morros com seus funks<br /> <br /> resguardem-nos do medo<br /> que temos de pretos<br /> e pobres<br /> porque não nos importa se pretos e pobres<br /> sabem do que é medo<br /> se os pretos e pobres<br /> não devoraram nossas sacolas<br /> novas<br /> como canibais<br /> se os pretos e pobres cometeram qualquer coisa<br /> porque afinal são pretos e pobres<br /> e não há crime pior do que cometer ser preto<br /> sempre preto e tão pobre<br /> <br /> matem os pretos e pobres<br /> não temos culpa se são todos pretos e pobres<br /> são apenas pretos e pobres<br /> todos pretos e pobres<br /> pretos e pobres<br /> pretos e pobres</span></span>Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-56001815217642756402013-04-19T00:44:00.000-03:002014-06-16T19:25:37.008-03:00inventáriocatapora, dor<br />
de dente,<br />
quatro pés na bunda,<br />
duas bicicletas,<br />
máquina de lavar<br />
roupas,<br />
dezesseis poemas<br />
<br />
vinte e quatro<br />
anos<br />
<br />
e posso dizer<br />
que consegui, na vida,<br />
uma janela - pequena<br />
vista para o mundo,<br />
carregar<br />
esta pena.Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-27375784439451243862013-04-16T14:06:00.001-03:002014-06-16T19:25:36.962-03:00procurava ocupar o vazio<br />
da estante<br />
inventando sítios para tantos panos,<br />
tuas roupas dobradas fora do quarto:<br />
<br />
aloquei cada camisa<br />
como quem se procura<br />
em teu corpo,<br />
solucei - uma a uma -<br />
antecipando a despedida,<br />
aguando teu perfume,<br />
supondo teu ímpeto em desfazer<br />
tentativas.<br />
<br />
busquei nos vãos da madeira<br />
as brechas de vida<br />
que refaço: dois dias,<br />
vinte noites, mil e duzentas semanas<br />
espreitando as batidas da porta.<br />
<br />
como sufocar tuas veias<br />
para implorar piedade:<br />
<br />
aguardar seis horas,<br />
atravessar a sala,<br />
esquentar o café outra<br />
vez.Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-58096904142550830172013-03-17T18:33:00.000-03:002014-06-16T19:25:37.011-03:00aprendi o dia em teu rosto:<br />nomino o sereno nas manhãs úmidas,<br />invento as tardes de café entre<br />os braços,<br />teu calor atravessando a pressa.<br /><br />deixei a noite amanhecer nos olhos (– quis falar<br />nesses dois<br />que decorei.)<br /><br />aprendi o dia em teu rosto<br />desde as primeiras manhãs:<br />gosto de céu<br />pleno em mim.Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-12653550805342636352012-09-19T03:07:00.000-03:002012-09-21T15:16:56.127-03:00anoitece em porto alegre:<br />
<br />
da janela reconheço a chuva<br />
que corre dentro de mimCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-31234931031003820042012-08-08T01:56:00.000-03:002012-08-09T01:40:11.087-03:00antes de las partidasencontré tu abrazo<br />
en mi cama:<br />
<br />
un trago a crear coraje<br />
mis ojos que te guardan<br />
y tu beso a decirme<br />
que siempre te conocíCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com0Porto Alegre - RS, Brasil-30.0277041 -51.2287346-30.2476641 -51.544591600000004 -29.8077441 -50.9128776tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-76536581469325312392012-08-07T07:34:00.000-03:002014-06-16T19:25:37.039-03:00noite alta:<br />
meu coração se estraçalha<br />
de saudade<br />
<br />
e amanheceCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com1Porto Alegre - RS, Brasil-30.0277041 -51.2287346-30.2476641 -51.544591600000004 -29.8077441 -50.9128776tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-49528024073806012432012-07-24T15:36:00.002-03:002014-06-16T19:25:36.992-03:00o amor navega em mim<br />
e eu me sinto feito um porto<br />
beijando versos tortos<br />
para afagar as despedidas<br />
<br />
o amor navega em mim:<br />
me beija a alma,<br />
os ossos,<br />
os cabelos<br />
<br />
o amor me abre os braços<br />
e eu tiro os sapatos<br />
<br />
deixo aberta<br />
a porta<br />
<br />
<div>
e o olhar</div>
Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-33947334019903350832012-06-19T18:55:00.000-03:002012-09-06T17:22:16.573-03:00é de música a tua ausênciadezembro de 2010:<br />
<br />
<i>a gente sempre dançava abraçados no meu apartamento</i><br />
<i>e jurávamos um bocado de belezas para a vida</i><br />
<i>(ainda juramos toda vez)</i><br />
<i><br /></i>
<i>até que o otávio partiu:</i><br />
<i><br /></i>
<div style="text-align: justify;">
almofadas sujas, livros empoeirados, aquele cedê gravado de canções<i> </i>que guardei com um carinho bonito, como é o bonito o sorriso que fecha os olhos para depois ouvir caetano com a intensidade do abraço. era o que tinha ficado. observei aquelas caixas que sempre nos abraçavam enquanto cantávamos que <i>alguma coisa acontece no meu coração</i> e nos jurávamos cruzar avenidas entre aquelas promessas de eternidade que nunca precisamos cumprir - a verdade é que sempre precisamos de tão pouco, fomos nós mesmos com tão pouco, que dessas amizades até se diz que são inteiras, que são plenas como os poemas que os minutos recitam para amaciar essa distância que é tempo, mapa, escolha: uma força semelhante àquela que a gente acreditou que tinha - e tínhamos - entoando músicas do chico entre tantas aspirações e aqueles sonhos que só comparte quem aprendeu a dançar de olhos fechados</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
(há quase setecentos dias escuto aquelas caixas<br />
agraciando as horas.<br />
alimento de que me permito viver,<br />
momento por momento,<br />
indefinidamente)<br />
<br />
<br />
sonho<br />
e é de música a tua ausência.<br />
<div>
</div>
Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-42459933771947967282012-06-05T20:59:00.000-03:002014-06-16T19:25:36.975-03:00passeio com minha sede pelas ruas<br />
como quem crê que também são tuas<br />
essas vontades incontidas<br />
que travisto no sorriso do encontro<br />
<br />
<i>compartir qualquer bebida<br />para alcançar tuas mãos<br /><br />tocar, de leve, teu braço<br />enquanto rio de teus chistes,<br />das minhas ganas<br /><br />falar das árvores que decoram<br />a vista da janela<br />– olhar da tua janela<br /><br />te decorar no teu quarto,<br />na tua quadra, nessas ruas<br /><br />corrigir tua distância da minha <br />ecoar teu gosto no gozo<br /> <br />extasiar os olhos<br />e esses dias<br />falando de américa<br />e de amor</i><br />
<i><br /></i><br />
te procurar por aí<br />
e te encontrar dentro de mimCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-51102011683172174942012-06-04T03:46:00.000-03:002012-06-06T00:44:27.984-03:00embriagando madrugadas:<br />
noite fria<br />
um bom vinho<br />
e nem preciso de caminho<br />
<br />
<br />Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com3Porto Alegre-30.0277041 -51.2287346-30.2476641 -51.544591600000004 -29.8077441 -50.9128776tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-87038524406751677132012-05-31T01:59:00.000-03:002014-06-16T19:25:37.050-03:00<br />
<br />
depois do teu silêncio <br />
eu cantei <br />
para curar o vazio<br />
<br />Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com4Porto Alegre-30.0277041 -51.2287346-30.2476641 -51.544591600000004 -29.8077441 -50.9128776tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-64586902444304389632012-05-20T18:31:00.000-03:002014-06-16T19:25:37.021-03:00<i>deixei tuas roupas na calçada</i><br />
<br />
despi teus versos<br />
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: left;">
o gosto das mãos em meu rosto<br />
as datas <br />
as tardes<br />
os poemas<br />
<br />
na porta de casa,<br />
a tua partida<br />
atravessada na garganta</div>
</div>Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-23743040450715511482011-05-18T00:38:00.000-03:002014-06-16T19:25:36.959-03:00manual sobre partidas<div>e tudo o que rodei era pra ver</div><div>se valia a pena a dor.</div><div><br />
</div><div>não vale, amor.</div>Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-31466166005130926902011-01-17T17:31:00.005-02:002014-06-16T19:25:36.965-03:00<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">teu sopro continua</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">entre a boca umedecida</div>e a temperatura de meu corpo<br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">impuro</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">(ainda minto enquanto recuso</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">a impressão da pele)</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
e venta,<br />
para que eu exista</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">do que restou da chuva:</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">a tua atmosfera<br />
inundada de memória</div>e frioCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-79187833952825719332010-12-05T22:12:00.009-02:002014-06-16T19:25:37.043-03:00uma mulher morre apedrejada<br />
porque deus criou desejos<br />
para serem soterrados<br />
sob constituições humanitárias<br />
<br />
uma mulher morre apedrejada<br />
porque mulheres não falam<br />
porque mulheres não sentem<br />
porque mulheres não gozam<br />
<br />
uma mulher morre apedrejada<br />
porque desafia prescrições bélicas<br />
de senhores patriarcais<br />
- e ama<br />
<br />
uma mulher morre apedrejada<br />
para lembrar que mulheres serão apedrejadas<br />
todas as vezes<br />
em que decidirem<br />
abandonar seus escombros<br />
<br />
uma mulher morre apedrejada<br />
e constrói ruínas<br />
dentro de mim<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_6e_uLerUBG0/TPzWyZMCTUI/AAAAAAAAFFU/crltvzZNl5w/s1600/Pessoas-burca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/_6e_uLerUBG0/TPzWyZMCTUI/AAAAAAAAFFU/crltvzZNl5w/s400/Pessoas-burca.jpg" width="305" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-49982533997503739872010-11-22T03:22:00.001-02:002014-06-16T19:25:36.995-03:00pequenas sobrevivências:eu vou morrer de fome<br />
quando parar de sentirCamila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-12606362320471935552010-11-08T17:12:00.010-02:002014-06-16T19:25:36.943-03:00as missas dominicais<br />
ainda ensinam,<br />
extensas,<br />
sobre a pureza do vinho<br />
e o milagre<br />
do nascimento.<br />
<br />
e eu recordo que aspirei, a vida inteira,<br />
pelos ensinamentos do pai<br />
na hora marcada da ceia<br />
<br />
e sobre como procurei acreditar<br />
na história da ressurreição,<br />
do caminho, do pão<br />
e da vida<br />
<br />
e não tive, depois disso, muito mais<br />
que um ou dois questionamentos<br />
filosóficos<br />
<br />
e não fiz mais que hesitar<br />
quando finalmente ouvi profundidades<br />
sobre a condição humana.<br />
<br />
mas eu quis compartilhar destinos<br />
quando tomei escolhas sobre bancos sujos<br />
de rodoviárias <br />
<br />
e procurei rememorar mandamentos<br />
na hora da dor não prevista naqueles livros mofados<br />
e suas metáforas de medo.<br />
<br />
foram poucas as palavras eruditas que esqueci<br />
para desaprender<br />
minha própria humanidade.<br />
<br />
<div>
<br />
eu precisei rasgar a pele<br />
para conhecer meu alimento.</div>Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4811394408673818564.post-90260828014040649062010-10-29T03:11:00.004-02:002014-06-16T19:25:37.056-03:00tenho segurado estes dias<br />
como contenho expectativas,<br />
uma a uma,<br />
a observar teus passos<br />
e gravar teu sorriso<br />
mais apressado:<br />
- também vou bem,<br />
vou bem, e então<br />
(sente aqui ao meu lado<br />
que eu quero cantar o refrão<br />
que me lembra você).<br />
<br />
e tenho fingido, obtusa,<br />
que não decorei essas voltas,<br />
as passadas inteiras,<br />
a poesia guardada<br />
em olhos que eu descreveria<br />
anatomicamente,<br />
disfarçando, em voz alta,<br />
o lirismo piedoso<br />
da memória.<br />
<br />
tenho aniquilado desejos:<br />
<br />
não quero pensar<br />
se você soubesse<br />
o que guardo sob frases de encontro<br />
se você pensasse<br />
sorrindo, em premissas não correspondidas<br />
se você notasse,<br />
com esses olhos que descrevo,<br />
<br />
que meu silêncio quer<br />
te escrever inteiro.Camila Costa Silvahttp://www.blogger.com/profile/08142856402752423387noreply@blogger.com4