guardei os vestidos
e dois ou três pares de sapatos
recapitulei o lugar imóvel
dos teus cadernos
os lugares de esquecer
as xícaras
as prateleiras irrepetíveis
em pensamento
gastei minutos devagar:
a mala inacabada diante da porta
o mofo agonizante dos bilhetes
das listas de supermercado
do tom de voz
às segundas-feiras:
o gosto azedo da véspera
molhando a língua.
eu já sabia da ferida
cravada na porta
eu abriria os ruídos
pés sobre paredeso suor dos corredores
no verão
eu já sabia, eu diria,
da demissão do poema.
eu só não sabia
que à beira do fim
fazia mais frio.
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