12 de ago. de 2009

I.
não sei qual a medida de meu rosto. descubro com as mãos as incertezas das formas, vou delineando o desgaste das horas, o instante que insiste, a dificuldade das pálpebras.
foram tão poucas as horas que passaram, mas como me passaram todas elas.

II.
consigo sentir as maçãs do rosto, o formato de meus lábios, o gosto das lágrimas.
tem o mesmo gosto úmido da espera.

III.
ainda pertenço a cada vestígio que reconheço entre meus dedos.
estou inteira - eu, que nem sei o que é tudo em mim.


IV.
meus traços escondem lonjuras

6 de ago. de 2009

pensava na vontade insaciável de te ver. era uma brasa que reascendia do meu depósito inominado de registros permanentes. do desejo mal acabado pensava que me encontrei pensando outra vez. quem sabe é o frio da tua sombra que me faz irresignada, a tua cara virada enquanto eu te admiro, o sentimento sem nome que já chamei de qualquer coisa que não me importava mais (e só não chamei de sentimento). quem sabe é o teu humor gélido que mantém minhas mãos suando frio, teu corpo imóvel diante de meus braços em descontrole, daquela vontade que permanecia já nem só em te ver quando eu já queria te ser inteira. do meu autocontrole em repensar teus movimentos enquanto somes por aí sem mim. da minha risada alta porque agora estou sozinha, do meu corpo vazio que já não se contenta assim tão fácil. da tua resistência que mais alimenta essa coisa sem nome – e me escabela enquanto ainda penso e suo frio e movimento os braços e morro de saudade daquela tua cara, daquele teu desprezo, da minha solidão nefasta atirada num canto do corpo que – eu já nem lembrava - ainda era todo teu