29 de out. de 2010

tenho segurado estes dias
como contenho expectativas,
uma a uma,
a observar teus passos
e gravar teu sorriso
mais apressado:
- também vou bem,
 vou bem, e então
(sente aqui ao meu lado
que eu quero cantar o refrão
que me lembra você).

e tenho fingido, obtusa,
que não decorei essas voltas,
as passadas inteiras,
a poesia guardada
em olhos que eu descreveria
anatomicamente,
disfarçando, em voz alta,
o lirismo piedoso
da memória.

tenho aniquilado desejos:

não quero pensar
se você soubesse
o que guardo sob frases de encontro
se você pensasse
sorrindo, em premissas não correspondidas
se você notasse,
com esses olhos que descrevo,

que meu silêncio quer
te escrever inteiro.

4 comentários:

Mayara Almeida disse...

Que coisa linda, até a tristeza disso é linda.

Alyne Rubio disse...

Nossa, adorei de verdade!
Grande beijo!

Fred Caju disse...

Quando a palavra não é dita, o silêncio quem dita a palavra.

Carlos Quadros disse...

Nossa... muito bom...
Ainda não tive tempo pra ler as outras postagens, mas esta poesia é de uma beleza intimista que pouco se vê nos últimos tempos...
Fica aqui meu convite para visitares o meu blog também... té.
http://seisvogais.blogspot.com/