17 de set. de 2009

talvez confessasse que já não sei mais quantas horas por dia tenho esperado teus passos e há quantos dias têm se repetido a mesma cena insípida de quem tanto quer falar e tão resignadamente cala - de como me expresso mal e desdigo sem jeito os últimos murmúrios - e espero por horas e dias e instantes que tanto quis e tanto, tanto, tanto que fossem todos teus - e no entanto permaneço aqui, parada, porque não sabes de meu tempo e nem de mim e porque me desfaço pacientemente em horas de te ver passar e porque passas - sempre passas - enquanto ainda sou inerte, branca e tão inofensiva, tão renunciável, tão despercebida que já não sei mais contar as horas e as coisas enquanto minhas últimas palavras calam e meu silêncio esmaece o gosto com que passas e transformo em confidências os teus passos distraídos

porque fiz da eternidade minha espera

2 comentários:

Otávio Chagas disse...

ai ai...que inveja dessa tua não linearidade.

Acervo Café Frio disse...

gosto deste tipo, das escritas, das faladas e principalmente das coisas vividas "orquestradamente", dar vazão aos anseios. Parabéns...