I. quarta xícara de café após a última notícia. não sei o número do dia. algumas conversas intercalam as lamentações ruidosas. quinta xícara desesperada. sou incapaz de naturalizar as perdas. descubro os olhos infantis e alcanço apenas um retrato sobre a caixa, um corpo gélido, um rosto inchado.
II. e o que eu tenho é medo, incontinência, despreparo. sequer um deus para enganar a morte. das vidas grosseiramente talhadas, guardo só incompreensão.
III. dor do verbo interromper.
4 comentários:
oi, Camila,
gosto disso, texto em três tempos e com frases que se sucedem mas não se articulam de maneira simplória. me irritam aqueles que escrevem de maneira exageradamente pedagógica. as vezes é o leitor quem precisa correr atrás da subjetividade do autor. você fez isso bem.
é tão bom voltar aqui! até quando é triste...!
Olá!! cheguei aqui por acaso e lí este texto... me doeu tanto...
Parabéns moça, gostei por me identificar com tua escrita e sensibilidade.
Um abraço!!
"Depois da morte dele, chorou. Um vexame de lágrimas.
Embora fosse ele, a morte também era dela."
Maria Vani
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