11 de fev. de 2010

I. quarta xícara de café após a última notícia. não sei o número do dia. algumas conversas intercalam as lamentações ruidosas. quinta xícara desesperada. sou incapaz de naturalizar as perdas. descubro os olhos infantis e alcanço apenas um retrato sobre a caixa, um corpo gélido, um rosto inchado.

II. e o que eu tenho é medo, incontinência, despreparo. sequer um deus para enganar a morte. das vidas grosseiramente talhadas, guardo só incompreensão.


III. dor do verbo interromper.

4 comentários:

l. f. amancio disse...

oi, Camila,
gosto disso, texto em três tempos e com frases que se sucedem mas não se articulam de maneira simplória. me irritam aqueles que escrevem de maneira exageradamente pedagógica. as vezes é o leitor quem precisa correr atrás da subjetividade do autor. você fez isso bem.

Márcia Leite. disse...

é tão bom voltar aqui! até quando é triste...!

Anônimo disse...

Olá!! cheguei aqui por acaso e lí este texto... me doeu tanto...

Parabéns moça, gostei por me identificar com tua escrita e sensibilidade.

Um abraço!!

Maria Vani disse...

"Depois da morte dele, chorou. Um vexame de lágrimas.
Embora fosse ele, a morte também era dela."

Maria Vani