23 de dez. de 2008

sentia as lágrimas desesperadas correndo pelo canto da boca enquanto ria com muito pouca sobriedade.

sofria bem e disfarçadamente.

28 de mai. de 2008

incontida,
soletraria qualquer coisa
sobre tuas frases
roucas,
tua adivinhação,
tuas últimas fotos.

cálida,
te escreveria inteiro
pra te derivar:

eu,
tua voz,
as teclas.

teimosas.

caladas.

4 de mai. de 2008

disfarçava as prateleiras
que o tempo, rígido,
deixou de um ar
intragável
e varrido
pelos cantos

folheava as traças fartas,
as páginas amassadas,
aqueles trechos úmidos
de um amarelo defeso
e desesperador.


repisava a arte
estúpida
de ludibriar
estantes

de um pó

particular

e irretocável

11 de abr. de 2008

o mundo, diante os olhos,
restou na lasca
de um mármore
tumular
impenetrável
e intransigente
de dor

frágil,
estilhaçadas tentativas
de transpor
o que era antes
um granizo estúpido
e rígido.

.

o que lhe cai
é ermo

_____como seu olhos

_____e sua louça

_____e sua crença

de vidro

exausta

a garrafa metade
cheia

e a tua cadeira ali,
vazia

26 de jan. de 2008